Miraculosamente, não está frio. Pelo menos aqui onde moro não está. Minha lembrança dos meus aniversários sempre são de dias com um céu bem azulzinho e com aquele ventinho frio, aquele clima de outono mesmo.
Marco minha vida por décadas e mais uma chega ao fim. Com ela vem a revolução solar de todo ano, só que desta vez tem um retorno de Saturno. O que significa isso tudo? Pode significar que não tenho como explicar minha vida e uso astrologia, tarô e afins na tentativa de explicá-la e, mais importante, compreendê-la.
Chego aos 30 com grande parte daquilo que sempre sonhei: um cúmplice de "pequenos crimes" que às vezes chamo de marido e um filho pura Água que veio pra inundar com emoções minha vida tão cerebral.
Aos 10 anos eu sonhava em casar com o Richard Chamberlain (na época não sabia que o homem era gay, né) e com a idéia fixa de completar o álbum dos Ursinhos Carinhosos. Com esta mesma idade passei a me arrumar sozinha pra ir ao colégio e constatei que meu pai biológico era tangível (tinha bem uns 3 anos que não o via) e que minha madrasta era uma mulher normal. Nossa, eu lembro que ia no consultório dele e ficava a tarde toda lá, doida pra ir embora, muitas vezes mal disfarçando o mau-humor (sempre fui mandona e chata com meu pai, coitado).
Foi também em 1989 que passei a ter mais orgulho da minha mãe porque eu ficava triste que muitas vezes ela não podia ir às reuniões do colégio e quando eu falei que minha mãe não podia ir porque estava na faculdade as minhas coleguinhas ficaram de boca aberta: "Caramba, sua mãe estuda na faculdade? Ela deve ser mesmo muuuito inteligente!" Lembro também dos dias que ela me levava pra ficar com ela no posto de saúde onde ela trabalhava na época, e foi uma fase gostosa porque eu tinha muito ciúme dela com minha irmã mais velha, então quando estávamos só nós duas eu me sentia o máximo.
Em 1999 eu já estava de saco cheio de Pedagogia, embora tenha sido o ano em que consegui minhas melhores notas. Não tinha a mínima idéia de onde faria estágio, o que faria no estágio, estava num bundalelê total, o que me salvou foram as companhias, mas mesmo assim não fui o tipo de aluna exemplar. Fiz grandes amizades e também foi o ano que comprei meu primeiro baralho Lenormand!
Agora, aos 30 anos, me sinto numa espécie de sala de espera. Estou sentada esperando. Desejo coisas boas mas a verdade é que não sei o que vem por aí, então não adianta antecipar se só na hora saberei o que vai acontecer. No momento estou feliz por comemorar mais um aniversário e ter chegado ao fim de mais uma década de vida.
